Tão simples seria se soubéssemos conversar, dialogar e comunicar de forma clara nossos interesses. Evitaríamos burburinhos, fofocas, especulações, pré-julgamentos... Viver às claras é nossa maior forma de diálogo honesto com nosso público, e a mais simples também.
O presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Júnior, sempre dialogou perfeitamente com o público dele. Seja o eleitor que o fez prefeito de Osório por duas gestões, seja como presidente tricolor, cargo que exerce desde 2015 até o final deste ano, escolhido pelos sócios do clube.
Ele sempre soube separar bem as funções e mostrava ser muito alheio a alguma possível influência de um lado ou de outro que lhe favorecesse particularmente no clube ou na política. O que se desfez nos últimos dias quando torcedores questionaram ações que pudessem colocar em dúvida essa diferenciação de função e objetivo pessoal e profissional ao citarem visitas de representantes políticos na Arena, ao viralizar um possível vídeo de campanha gravado na Redenção, ao circular um documento de insatisfação de conselheiros, ao entenderem que o atual Diretor Médico do Grêmio, Dr. Ciro Simoni, é também atual presidente do partido de Romildo.
Foram dias de evidências desencontradas com os discursos sempre rasos com relação à possibilidade de uma candidatura e a postura que mantinha em dúvida o foco exclusivo na gestão do clube, como pede um ano delicado de Série B e um time que ainda se mostra bastante instável na competição que exige prioridade de todos que vestem a camisa oficial da retomada à elite.
Era pertinente uma manifestação dele para um posicionamento oficial, o que Romildo mesmo reconheceu que perdeu o time para uma resposta definitiva e foi isso que talvez tenha causado tamanho desconforto e embaraço. Encerrado o assunto eleições, o presidente agora tem um novo pleito: receber o voto de confiança novamente da arquibancada, para tentar recuperar o prestígio de grande parte da torcida que até surpreendeu demonstrando que esperava uma resposta diferente dele na coletiva: a da saída dele. A omissão dos últimos tempos parece ter desconstruído o papel de respeito que ele mesmo havia conquistado e que por conta própria tem deixado escapar.
Romildo precisa fazer renascer Romildo para resgatar o próprio histórico com a torcida e tentar salvar o que fez de bom que acaba sucumbindo em meio aos tropeços. Quebrar o que se tem de mais precioso no relacionamento com quem deposita em ti a certeza de uma reciprocidade, ainda mais quando se envolve paixão, é algo que precisa ser praticado do início ao fim de um mandato. É como na eleição: Confiança não é imortal.