O especialista em investigação criminal genética, delegado de Estância Velha e professor de Direito da Faccat, Rafael Sauthier, tem se destacado a nível nacional com palestra sobre a importância de aprimorar um banco nacional de dados de Ácido Desoxirribonucleico (DNA), integrado entre os Estados, para elucidação de crimes.
Ele é autor do livro A identificação e a investigação criminal genética, lançado em 2015. A utilização do DNA é uma tecnologia adotada em todo mundo e no Brasil é utilizada pelo governo, através da Polícia Civil e Federal e pelo Departamento de Criminalística, desde 2012.
Segundo Sauthier, o trabalho é feito através de coleta de amostras biológicas na cena do crime, como sangue, saliva, unhas, células, tecidos humanos, pedaços de pele, sêmen, entre outros. “A partir dessas amostras, chamadas de questionadas, se faz um procedimento técnico chamado tipagem genética, através do qual se extrai das amostras o perfil genético da pessoa que deixou estas amostras na cena do crime. O perfil genético é como se fosse uma impressão digital genética”, conta o delegado.
Amostras genéticas
Além do livro, o trabalho de Sauthier é um estudo acadêmico aprofundado sobre o assunto, que é pioneiro no país e tem sido citado em trabalhos de conclusão de cursos, dissertações e teses. “É talvez um dos livros mais aprofundados e precursor sobre o assunto no país e em língua portuguesa”, diz o delegado, que reforça que a ideia central do trabalho que vem desenvolvendo é incentivar e proclamar a importância de ter amostras genéticas de todos os presos do Brasil para compará-las a materiais coletados em locais de crime.
"É um tema que envolve conceitos de biologia molecular, todo processo de tipagem, identificação criminal. Procuro explicar isso de forma que a pessoa que não tem esse conhecimento técnico possa entender. Em um segundo momento, pego experiências de outros países e faço comparação. Depois, comento a lei e, no final, faço toda a abordagem, os direitos fundamentais que estão envolvidos, como se resolve isso", resume o delegado.
Atuação nas delegacias
A utilização do DNA já existe no Brasil e já chegou até as Delegacias de Polícia. Conforme o delegado, as delegacias solicitam esse tipo de perícia e o Departamento de Criminalística, que tem o equipamento e o pessoal treinado, é quem realiza a perícia e elabora os laudos, que são anexados nos inquéritos e processos judiciais, servindo como prova criminal. “As delegacias apenas solicitam a perícia ao Departamento de criminalística, que é quem faz a perícia, coleta amostras biológicas na cena do crime ou em indivíduos de referência, faz o procedimento de tipagem genética, faz os laudos, insere os perfis genéticos no banco de perfis genéticos para fins criminais”, reforça Sauthier.